Ouvimos falar muito nesta designação, mas o que significa ela na prática? O que traduz na realidade? Ela pode ser aplicada por toda a gente? Quais os critérios?
A sua origem
O conceito foi criado nos anos 70, por Susie Faux, mas foi na década de 80 que ganhou forma numa coleção de Donna Karan com apenas sete peças – The Seven Easy Pieces. Na altura esta coleção foi muito comentada, era algo inédito, e começava exatamente com as modelos a desfilarem apenas com um body preto. A partir daí iam-se acrescentando as restantes peças.
Na altura, a estilista veio dizer que a coleção era uma forma de chamar a atenção para o facto de muitas mulheres terem um guarda-roupa pouco eficiente. “As mulheres sempre descobriram formas rápidas de por comida na mesa, mas elas não sabem como podem tornar os seus armários assim tão eficientes”.
Armário cápsula hoje
À parte de ser uma afirmação que coloca literalmente as mulheres no papel de donas de casa (estamos a falar dos anos 80), ela não deixa de ter o seu fundo de atualidade. Ainda hoje a maioria das mulheres se debate com este problema de ter um armário pouco eficiente. Aquela ilusão de que parece que não temos nada para vestir, persegue-nos há décadas.
O conceito do armário cápsula tem vindo a ser explorado desde a ousadia de Karan, mas hoje o seu significado tem sido mais conectado ao minimalismo e às escolhas mais conscientes que todas podemos fazer no nosso armário.
A ideia base é delimitar um número de peças, que pode ser usado num determinado período de tempo (por exemplo, uma estação), em que todas essas peças tenham o potencial de combinar entre si. E isto, claro, pressupõe não comprar nada novo durante esse período.
Este é um conceito que pessoalmente adoro no armário cápsula: temos de adorar tudo sem exceção, aquela sensação “meh” não pode ficar pendurada em nenhum cabide
Armário Cápsula em Portugal
O conceito está cada vez mais divulgado, mas diria que na prática nem tanto. Talvez por desconhecimento ou algum receio. Para quem quer ficar a saber mais sobre o tema, aconselho o livro da Maria Gonçalves Armário Cápsula. A Maria explica na primeira pessoa tudo sobre o assunto, de forma clara e com muito entusiasmo. Sigam-na também nas redes sociais, para verem as propostas de looks super interessantes e com bom gosto.
Como posso então construir uma cápsula?
Primeiro é olhar para o nosso estilo pessoal, os nossos interesses, profissão, hobbies. A partir daí optar por peças que nos vão fazer sentir confortáveis no nosso dia-a-dia, que sejam versáteis o suficiente para combinar entre si (cores neutras e cortes mais intemporais podem ajudar), mas que acima de tudo adoramos! E este é um conceito que pessoalmente adoro no armário cápsula: temos de adorar tudo sem exceção, aquela sensação “meh” não pode ficar pendurada em nenhum cabide.
As vantagens são óbvias: menos tempo a pensar no que vamos usar, maior rentabilização do que já temos e maior poupança na carteira e no ambiente.
Mas o conceito de cápsula pode não funcionar para todas. Quando pensamos em cápsula pensamos num número muito limitado de peças (as tais sete fantásticas, dez, vinte, trinta…). Ora isto pode causar ansiedade a muita gente e não queremos isso. O objetivo é simplificar e tornar tudo mais eficiente, por isso vamos lá trabalhar nisso e adaptar o conceito de cápsula ao que para nós faz sentido.
Armário funcional é o mais importante
Organização
É fácil reconhecer os benefícios de um armário bem arrumado, limpo, com roupas bem dobradas, separadas por categorias, e cores.
Estilo pessoal
Os básicos intemporais são sem dúvida uma tábua de salvação para muitos looks, mas nem todos eles funcionam para toda a gente. Devemos procurar o que nos faz sentir bem, seja isso um blazer para andar em casa ou uns ténis para o escritório. A nossa lista de básicos é só nossa, pessoal e intransmissível como uma impressão digital.
Rentabilização
As estações do ano podem ser um dos critérios para a organização, mas sempre que possível devemos procurar rentabilizar peças entre períodos. E aqui voltamos à questão essencial: o amor pelo que temos guardado. Se gostarmos muito de uma peça vamos querer usá-la mais vezes. Se for um vestido leve de primavera-verão, pode servir para usar com uma malha por cima no inverno, por exemplo.
Cores e formas
O estudo das cores e dos tipos de formas que nos ficam melhor pode ajudar, mas o fator “estilo pessoal” prevalece sempre. Por isso, quem disse que um armário funcional ou mesmo cápsula tem de ser aborrecido e monocromático? Não tem. Pode ter cores fortes e estampados e formas exuberantes. Mas nunca devemos esquecer que ainda assim essas peças devem combinar com pelo menos mais duas ou três do nosso armário – senão deixa de ser um armário funcional, certo?
Número de peças
Não há limite, mas este é o meu método. O número de peças é definido por cada uma de nós, nós é que sabemos. Claro que um número reduzido de peças vai facilitar muito a nossa vida, por isso, antes de definirmos X número, aconselho sempre a fazer a experiência de durante pelo menos 1 semana vivermos com 10-15 peças (começar pela cápsula e ir escalando). Esse exercício vai fazer-nos puxar pela cabeça e fazer novas combinações. A partir daí será mais fácil depois conjugar um armário funcional com o número de peças à medida de cada pessoa.
Gostavas de saber como podes transformar o teu armário num armário funcional?
Achas o teu guarda-roupa enfadonho e sem interesse?
Sonhas com o dia em que demoras 10 minutos a vestir-te e estás impecável?
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SOFIA DEZOITO FONSECA
Consultora de Imagem e Fundadora do Healthy Project
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